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ARTETERAPIA por Thais P. Ribeiro Ferreira

Atualizado: 19 de out. de 2020

Expressão, Arteterapia e os desafios enfrentados pela pessoa que apresenta espectro autismo

Thais P. Ribeiro Ferreira

Psicóloga clínica, pós-graduanda em Arteterapia

CRP.: 05/52144

06 de outubro, 2020

A Arteterapia certamente é uma palavra considerada nova em nosso cotidiano. Mais que uma palavra, é um viés terapêutico ainda desconhecido por muitos. Uma de suas maiores apostas é a possibilidade de transformação da realidade psicossocial de pessoas que apresentam algum tipo de sofrimento. Vale ressaltar que não é uma aposta qualquer, mas um convite para que haja a simbolização através de um fazer artístico. É a expressão para além do falar.

Mas afinal, como funciona a Arteterapia?

A Arteterapia é uma prática que vem sendo utilizada por profissionais da área da saúde (principalmente psicólogos) e educadores. Segundo a OMS- Organização Mundial de Saúde- o conceito de saúde é: “um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não somente a ausência de afecções e enfermidades.”

Tendo em vista este conceito, precisamos considerar que o bem-estar emocional está diretamente relacionado a saúde e para tanto, o meio social em que o indivíduo está inserido é de extrema importância.

É nesta relação que a Arteterapia é uma possibilidade criativa diante das dificuldades e problemas emocionais. A aposta aqui é exatamente no potencial criativo de cada indivíduo. Tintas, argila, música, dança, sucatas, linhas, teatro, contos, mitologia, desenho, escrita e muito mais. Essas são apenas algumas das ferramentas que a Arteterapia poderá se beneficiar e consequentemente proporcionar uma experiência única para cada pessoa.

Todas essas técnicas aplicadas podem ser formas de ressignificação de conflitos. É o permitir-se fazer. Logo, sem perceber de imediato, conteúdos difíceis de serem expressos através da fala – seja qual for o motivo- na arte encontrarão seu espaço.

Inclusão e os desafios enfrentados pela pessoa com TEA

O transtorno do espectro do autismo -TEA é um transtorno que necessita de um diagnóstico diferenciado devido as suas múltiplas características. Atualmente é realizado de acordo com os critérios do DSM -V. Não é um diagnóstico rápido e tão pouco fácil, porém graças a esta pluralidade de comportamentos, precisamos falar da singularidade daqueles que experienciam o transtorno.

Para cada indivíduo com este diagnóstico, temos as mais variadas dificuldades. Apesar disso, o traço presente e marcante no autismo é a dificuldade na comunicação. Dificuldade esta que se dá especificamente na verbalização, no contato visual e linguagem corporal. Logo, se há obstáculos na comunicação, temos como consequência a dificuldade de expressão das emoções, dos sentimentos, experiências e um afastamento social.

É diante de tais dificuldades que a Arteterapia terá a sua importância destacada e atuará como facilitadora. Afinal, a Arteterapia trabalha com aquilo que não é dito, aquilo que não é possível de ser falado: aquilo que ainda não é palavra.

Para Souza; Dugnani; Reis (2018) a arte é uma dimensão capaz de afetar o sujeito, tornando possível maneiras mais elaboradas de pensar, agir, ser e estar. A arte como facilitadora do processo de ressignificação, contribui para a construção de novos papéis de interação no laço social.

Mas se a Arteterapia possui uma variedade de técnicas, qual é a mais indicada em casos de TEA?

De fato, se falarmos em arte, falaremos das mais diversas e criativas formas de expressão. Não há limites quando o assunto é o potencial criativo de cada pessoa. Porém, quando falamos sobre o TEA, logo podemos imaginar algumas características pontuais que estão presentes na maioria dos casos. É importante dizer que ao falarmos de Arteterapia e Transtorno do Espectro Autista, precisamos ter cuidado para não estigmatizar estes sujeitos. É necessário considerar a singularidade de cada um. Ainda assim, não podemos negligenciar algumas dificuldades específicas da pessoa com autismo.

De imediato é necessário dizer que para cada pessoa, tenha ela algum diagnóstico ou não, existirá uma técnica a que fará se sentir mais confortável. Estamos falando de afinidades, prazeres e curiosidades singulares. Isto é fundamental na Arteterapia e ajudará no vínculo terapêutico. Respeitadas as singularidades e valorizando-as, podemos falar de algumas técnicas que estão mostrando-se cada vez mais populares e eficazes.

A Música e a Fotografia

A música funciona como um estímulo percebido que promove melhoras na saúde, mas que apesar de ter como foco a comunicação não verbal, facilita a interação social e a linguagem corporal, reduzindo a intolerância, por exemplo, aos estímulos auditivos. Os instrumentos, o cantar, as composições e as letras, juntos ou separadamente, são conteúdos de expressão. É a musicalidade servindo de maneira terapêutica.

Para Sampaio, Loureiro, Gomes (2015) a música pode acalmar, entreter, eliciar emoções, favorecer experiências e a coesão social. Existem profissionais especializados em Musicoterapia, área que ganha cada vez mais espaço. Apesar disso, o profissional da Arteterapia também poderá fazer uso da música como instrumento da promoção da saúde.

Outro trabalho interessante possível é a Arteterapia e tecnologia. As técnicas presentes neste exemplo são a fotografia digital e o vídeo, ferramentas alternativas, mas de alta incidência dos meios audiovisuais presentes em nosso cotidiano. Para lidar com as disfunções nas formas de comunicação que levam ao isolamento social, tais técnicas se tornam alternativas para uma produção simbólica. O indivíduo irá expressar e explorar por meio do próprio recorte do seu olhar.

Segundo Nesca, Mirna (2012) “As fotografias e os vídeos revelam muito sobre si mesmo, compõe percepções e fragmentos da realidade que configuram fatos subjetivos.” Observar uma foto é criar um sentido, logo temos uma possibilidade de interação entre aquele que fotografa e aquele que observa. É registrar o momento e dar crédito a quem pode exercer o seu olhar.

Sendo assim, a Arteterapia, aquela palavra ainda pouco conhecida, é nada mais que um convite a busca por novas alternativas, por novos olhares e principalmente, por novos sentidos.


CONTATO: @thaif.erreira Através do direct


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1 commentaire


tainacaseira
14 oct. 2020

Novas alternativas deveriam ser sempre bem vindas e bem divulgadas e bem acessíveis!!!!

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